Jornal da turma do 3º ano, Manhã A (MA) de 1981
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CAÇA ÀS BALEIAS
O óleo da baleia, principal produto extraído do animal, pode ser substituído por uma planta adaptável ao clima do nordeste, de nome "simomódia simemis" e que asseguraria a mão de obra brasileira utilizada na caçada e durante o ano todo. Proibindo a caça, o Brasil se alinharia ao lado de muitos países (como EUA, Canadá), que reconheceram a necessidade de parar. Achamos que não se pode negligenciar a fauna abundante que possui o Brasil. Sendo proibida a caça da baleia aqui, considerando que a Argentina e o Uruguai já não a praticam, os cetáceos teriam um "santuário" de, no mínimo 200 milhas de largura, desde as águas antárticas até o norte do país, ao longo de uma das suas retas de migração anual. Com o término da caça, será possível a realização de estudos mais aprofundados sobre os cetáceos, dos quais se tem muito poucas informações; mas se conhece sua enorme inteligência, o que permitiria concluir sobre a viabilidade até de uma exploração racional. O que temos de concreto é que todos os anos se comprova, cada vez mais contundentemente que as baleias, a cada dia que passa, tornam-se mais difíceis de serem encontradas. Um animal que vive há 50 milhões de anos, teve em menos de um século, 7 espécies consideradas extintas. Nada mais, nada menos do que pelo abuso do homem. Há dados recolhidos por biólogos de que, se a caça cessar, em 20 anos não se varão mais baleias, senão em filmes e livros. Na medida em que se torna difícil influenciar o término da caça em outros países, apelamos ao senhor, porque temos esperanças de que o desejo do grande número de brasileiros, a quem nos unimos com esse pedido, torne-se viável e somente benéfico, um fato real. Esperamos que nossos apelos sejam ouvidos e considerados com a maior urgência possível antes que não seja mais palpável o objeto de nossa luta". Esperamos, com esse apelo, nos unirmos às milhares de pessoas no Brasil e no mundo, que lutam pela preservação das vidas, tiradas todos os dias pelo custo do avanço da sociedade humana. A baleia é hoje o símbolo de uma luta por todos os animais em extinção. Talvez o remorso dos horrores cometidos por gerações de pessoas como nós, que se sucedem é o que nos impele a continuar lutando.Temos que nos conscientizar de que não somos os únicos sobre a face da Terra e de que nossa inconseqüência é responsável pelo sofrimento daqueles que já não têm para onde fugir e que todos os dias são assassinados a sangue frio, por esporte, prazer ou comodidade, o que se aplica às baleias. A união em Defesa das Baleias rege hoje essa campanha insistente pela salvação desses animais de enorme inteligência e hábitos desconhecidos. Você também pode organizar abaixo assinados para serem mandados ao Governo (Palácio do Planalto, 70000, Brasília, DF). Essa é, pelo menos uma providência possível e imediata. Se quiser mais informações comunique-se com a U.D.B (caixa postal 20684, SP, 010000). O importante é que qualquer coisa seja feita por elas, enquanto ainda há tempo.
Adriana Consort
Entre os 832 mortos, aproximadamente 615 eram fêmeas, das quais 552 estavam grávidas. Este é o saldo brasileiro anual da temporada, que vai do final de julho ao mês de dezembro, de caça à baleia. Há quem se sinta aliviado em saber que se tratam apenas de baleias e não de pessoas. Mas saibam que enquanto vocês lêem este artigo, animais, com tanto direito à vida quanto nós, são mortos, assassinados a tiros de canhões explosivos, injeções de arou arpões que se abrem dentro de seus corpos. em agosto desse ano, logo após o início da temporada anual, foram passados abaixo assinados, onde se subscrevia: "Nós, abaixo assinados, viemos por meio desta tentar impedir que prossiga o massacre desleal e desnecessário das BALEIAS. Sabendo-se várias de suas espécies já estão extintas e que, se a matança continuar, dentro de 20 anos não haverá mais animais como estes". Anexo às assinaturas recolhidas aqui, na PUC, no Curso Universitário e outros lugares, foi enviada ao Palácio do Planalto, a seguinte carta:
Exmo Sr Presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo:
"Estão entregues em vossas mãos, a voz de algumas das muitas centenas de brasileiros que se preocupam com as injustiças causadas aos animais. São assinaturas de pessoas, recolhidas em "abaixo assinados", passados em escolas de 2º grau e nível superior e outros locais. Queremos colocar nossa posição diante da caça à baleia, na Paraíba. Sabemos que, a cada ano, cerca de 1000 baleias (acima das 832 estipuladas pela I.W.C), são mortas nas costas de nosso litoral entre julho e dezembro. Assusta-nos saber que a baleia está em extinção por causa da matança indiscriminada feita pelo homem e aperfeiçoada pelas máquinas, cuja crueldade é indescritível. Diminuindo ainda mais seu tempo de existência, barcos da Copesbra matam grande número de fêmeas, muitas delas grávidas, justamente porque a época de caça coincide com o período de acasalamento e amamentação dos filhotes. Na verdade, são mortas muito mais que 1000 baleias e justamente aquelas que garantiriam a continuidade da espécie. Em âmbito mundial é indubitável que a pesca da baleia tende ao desaparecimento. Os 2 países (Japão e URSS), responsáveis pela grande massa das capturas, já estão desativando suas frotas, face aos lucros decrescentes. Por que, então, nós brasileiros, sabendo que mais cedo ou mais tarde e dentro em breve, a caça, senão a própria baleia estará extinta, não damos um passo à frente no conceito dos grandes e diversos países que abandonaram a caça e terminamos de vez com essa brutalidade desnecessária que faz vítimas todos os anos? Estamos a par de que o término da caça não traria ao país nenhum prejuízo, seja social, pois a caça na costa brasileira é mais associada a interesses japoneses do que dos próprios brasileiros, que nos outros seis meses do ano necessariamente trabalham em outros locais; seja econômico, pois do mesmo modo que o álcool, a gasolina e muitas outras matérias substituem os usos da baleia e são muito mais fáceis de se repor, além de não destruírem espécies valiosas.
ZAPPA
Francis Zappa Junior, nasceu em Lancester, Califórnia, em 1940, filho de uma família de classe média. Zappa ouvia muito os compositores de vanguarda; Varese, Stravinsky e os mestres do Free Jazz, principalmente Coltrane, Ornette Coleman. No ginásio, conhece um descendente de holandeses, vegetariano e apaixonado pelo movimento DADA "Don Van Vilet", também conhecido como "Captain Beefheart". É ele quem leva Zappa através do universo do Blues Primitivo e do Blues elétrico de Chicago. É ainda Beefhearthquem molda os primeiros planos, gera as primeiras idéias sobre a formação de um grupo de rock, o malfadado "The soots". Em 1964 Zappa já é um "Drop-out" total, vive em Cucamonga, subúrbio próximo a Los Angeles, num estúdio experimental de um amigo. Esse ano é definitivo para ele, conhece um contrabaixista chicano que toca numa banda de R&Blues num subúrbio de LA, é Roy Strada. Um dia faltou um guitarrista e chamaram Zappa para substituí-lo. Em uma semana estava criado o "Mother´s of Invention". O ano de 1965 é tomado de assalto pelo primeiro álbum duplo gravado por um grupo de rock, "Freak Out". Nele Zappa leva uma forma free total, englobando Jazz Free Total, Blues, Mambo, Luigi Nono, Henry Mancini, Edgar Varese e Cecil Taylor. Tudo isso com lances totalmente absurdos, visões cáusticas, apocalipticas e cotidianas. No ano seguinte, ele criaria o oratório underground "absolutely free", é também dessa época o primeiro disco instrumental "Lumpy Gravy", todos pelo selo Verne, que censura e boicota o trabalho de Zappa. Ele então desliga-se da companhia para fundar sua própria marca, Bizarre. A seguir, pela Bizarre, Zappa lança: Uncle Meat, Burnit Weeny Sandwich, Weasels Ripped my Flesh, Hot RAts com Ponty dando uma prévia do Jazz Rock dos anos 70. Chungas Revenge, Live at Filmore, 200 Motel, Just Another Band From Los Angeles é o suplementar da elaboração do próprio delírio musical. "Waka Jawaka", "Grand Wazoo" são discos totalmente instrumentais. Uma fase sensacional de Zappa inicia-se a partir de 1973. "Apostrophe", com Jack Bruce, totalmente Hard; "Roxy and Elsewhere", duplo ao vivo e "One Size Fits All", que culmina a escalada da montanha de cristal. A técnica da guitarra dominada em todas as linguagens, o Wah-Wah inventado e dominado num caminho onde só Hendrix foi tão longe. Da eletricidade Zappa extraiu a Multi informação, o infiltrar-se venoso nos médios sistemas, com ação crítica, mesmo que irracionalista, DADA, porém revolucionária totalmente. Como produtor criou condições que permitiram a ascensão de grupos altamente chocantes e pirados como Beefhearth e Alice Cooper. Nuno Vicente
POEFOME DASIA
Não é nenhuma paixão, essa dor que me consome. Que estranho monstro será que não ousa dizer seu nome? _É a fome! É a fome! É a fome! Oh! Que angustiante ausência eu sinto dor opressiva que se eu comer – ela some! _É a fome! É a fome! É a fome! Oh! que chieira no peito>> Que à noite me deixa insone! Arrasadora preguiça! O tosse que me consome! _É a fome! É a fome! É a fome! Se não vier suprimento não como – e o verme me come. Se o jejum é prolongado o corpo se bebe e se come! _É a fome! É a fome! É a fome!
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