LEONORA FINK
1976 - CURSO TÉCNICO DE DESENHO DE COMUNICAÇÃO
 
pg 2

EDITORIAL

BOCA 1 1976 EDITORIAL

Boca número um

Por que tanto Charlie Brow, Tio Patinhas, Superman e Zorro?
Produzidos em escala industrial pelos Syndicates e distribuídos como Coca-Cola pelos muitos cantos do mundo, estes quadrinhos "enlatados" atingem preços baixíssimos porque vendem muito e vendem muito porque são baratos.
Daí que os países abertos a essa produção dos Syndicates, os Patos Donalds da vida entram impunes, tirando o lugar dos artistas nacionais nas editoras (quem vai querer comprar um trabalho nacional se uma página de Mandrake vem a preço de casca de banana? E que artista vai poder trabalhar a preço de casca de banana????????).
Uma lei protecionista (e projetos de lei existem de monte) ajudaria muito a melhorar esta situação. Tipo: "50% dos quadrinhos publicados no Brasil deverão ser produzidos aqui mesmo". Não há essa lei, mas os artistas gráficos estão começando agora a se organizar e o protecionismo está sendo discutido.
Enquanto essa lei não acontece, os artistas brasileiros tem que se virar. Estão se virando no Rio Grande do Sul, uma editora foi formada e seus lançamentos logo estourarão por aí. Em Belo Horizonte, os artistas formaram outra editora (Humordaz). Na Bahia, um jornal (Coisa Nostra). Em São Paulo, outro (Ovelha Negra).
Há ainda outra saída: é esta a saída da gente, fazer uma revista produzida por entidades estudantis. O Balão, que já foi a melhor revista experimental do Brasil, era realizada por centros acadêmicos da USP.
E tem mais, a BOCA vai mostrar quadrinhos realizados em países dominados por Patópolis ou se libertando de Gothan City. Nesse número, mostramos uma vinda de onde menos se esperava: de Angola. A Ásia, a África e a América Latina estão aí produzindo quadrinhos que nunca ouvimos falar.
A BOCA está aberta para quem quiser abrir a boca.

Revista BOCA
Diretórios Acadêmicos de Comunicações e Artes Plásticas
R. Alagoas, 903
São Paulo - SP

voltar a busca