LEONORA FINK
1978 - CURSO TÉCNICO DE DESENHO DE COMUNICAÇÃO
 
Cartas

página 28

carta aberta:
"HQ em Portugal", texto assinado por Venerando Matos e inserido no feliz encarte do nº 2 de BOCA só pode ser rejeitado, com espanto e indignação.
Sendo facto não haver muitas novidades na HQ portuguesa, as que existem dariam bem para encher não a coluna, mas todo o verso do "Jornal de Quadrinhos". E evitaríamos referir a realmente péssima HQ que nos vem daqui e dali e em especial via Brasil, ainda que o desmantelamento dos seus mecanismos alienatórios e monopolizadores se exija e seja premente.
É puramente falso que os jornais, tanto diários como semanários se fechem aos autores nacionais. Seria mais fácil enumerar os que o fazem.
O leque de opções políticas leva a que da "esquerda" ou "esquerdas" à "direita" ou "direitas", por vezes de difícil destrinça no jogo da informação, possamos encontrar traços para todos os gostos. A "tira" e o "cartum" de criação nacional saem diariamente na tão controversa imprensa portuguesa. Mais, são comuns os livros e álbuns editados com recolhas destes trabalhos.
Autores há que se tornaram verdadeiramente populares, politicamente supra partidários ou não e vão conquistando mesmo aceitação nacional.
As datas políticas em que Venerando Matos espartilha a B. D. portuguesa nada têm a ver com elas. A revista Visão publicou quatro dos seus doze números após o 25 de novembro, teve prejuízos, mas não pressões. A coleção está aí e não teme críticas, ousou tocar nos maiores tabús. As opções políticas dos autores, e publicamos dezenas, são patentes e variadas.
Apoiada na experiência "Visão", como reconhecem os mais destacados críticos do sector, a HQ portuguêsa guindou-se a todo um conjunto de realizações que vão desde a criação de clubes de leitores à realização de exposições - debates e experiências escolares.
Vou-me deter por aqui sugerindo a Venerando Matos que se não lhe agrada ser coerente se esforce no mínimo por ser informativo, começando talvez por estar informado. A BD portuguesa merece-o e a HQ brasileira precisa-o, por tudo o que fica dito.
Resta-me desejar que a BOCA abra num futuro o espaço que a BD portuguesa merece, precisa e solicita deixando já abertos os olhos, ouvidos e páginas para tudo que vier daí, da HQ brasileira.
Com amizade.
Eduardo Nobre
Lisboa
Portugal

Nota - Carta resumida, por motivo de espaço. Enviaremos cópias da original aos interessados.


Prezados senhores:
Soliscitamos um exemplar de vossa revista para que possamos enviá-la à nossa biblioteca central, em Washington.

Library of Congress Office
Rio de Janeiro - RJ


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