Oi Leonora, parece que vocês vão ter um encontro/filmagem aí em SP, mas como moro em Porto Alegre, vai por escrito o meu “comparecimento!” Até agora não achei nenhum trabalho do tempo que fiz o IADÊ. Foram muitas mudanças na minha vida, muito trabalho guardado e arquivado, alguma coisa deve ter se perdido e estragado no meio do caminho. Por enquanto, então, envio um depoimento do que o IADÊ significou na minha vida: Nasci no Rio, vim a POA no final da infância, passei a adolescência aqui. Na época, anos 60, esta cidade era totalmente provinciana e bastante atrasada. Eu, que sempre sonhei em ser designer, não encontrava ninguém que soubesse o que design significava. Tinha que escolher o que fazer ao terminar o segundo grau e minhas opções eram arquitetura, decoração ou artes plásticas. Nada disso me atraía e eu resolvi fazer algum curso de design fora daqui. Na época não consegui contato com a ESDI, então como tinha família em SP, fui conhecer o IADÊ que tinha chegado ao meu conhecimento. Cursei 67, 68 e 69. Foi uma mudança radical na minha vida de estudante! Estava saindo de um colégio conservador para freqüentar um curso em que se podia ir de calças compridas e sentar em banquetas e pranchetas em vez de mesas convencionais. Os professores eram modernos, tudo era arejado, eu achava o máximo. Adorei! No final de 67 fui convidada a assessorar 3 professores e com isto estava isenta de pagar o curso. Escolhi o turno da noite e gostei muito do trabalho e do convívio com todos. Acho que o mais importante no curso foi a convivência com professores atuantes no mercado de trabalho e revolucionários na maneira de ensinar. Os conteúdos das disciplinas como sociologia e arte e HQ, principalmente me abriram a mente, alimentaram meu conhecimento e me ajudaram no meu futuro profissional. Uma lástima que o curso tenha terminado, ele tinha tudo para evoluir e muito! Havia bastante carência na didática e metodologia criativa. Havia também uma certa imaturidade de alguns professores mais jovens à época, mas nada disto tirou o brilho do projeto deles. Eu costumo dizer que o curso foi idealizado pela intelligentsia da área do design e arquitetura desta época. Também uma lástima que nunca tenha se conseguido transformá-lo em curso de nível técnico.
Renata Rubim Porto Alegre, 27 de abril de 2005
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