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Quadrinhos angolanos
Quem diria? Intoxicados de Tio Patinhas, Superman e (por que não?) Charlie Brow, a gente só pode se chocar ao ver uma HQ realizada num país africano, por um movimento político e a serviço de uma causa. Esta HQ angolana, sem nome, lançada pela BOCA aqui no Brasil não tem autores conhecidos. Foi publicada clandestinamente em plena guerra contra o colonialismo português, antes da recente guerra civil que defrontou o MPLA aos seus movimentos rivais, UNITA e FNLA. Hoje a situação em Angola é bem diferente. O império colonial português esfacelou-se após o movimento de 25 de abril de 1974 e não existem mais "territórios ultramarinos". O MPLA venceu a guerra civil e hoje é amplamente reconhecido como legítimo governo de Angola (o governo brasileiro foi o segundo a reconhecê-lo). Quanto à história em si, há alguns dados curiosos, outros polêmicos. Seu desenho é claramente inspirado em "Tintin", uma série belga de tendências meio colonialistas. Muitos irão discordar da linha um tanto dicotômica, do "mocinho (africano) X bandido (portugueses)". Mas, antes de qualquer julgamento, a gente deve se colocar no lugar dos seus criadores, artistas engajados numa feroz guerra contra o colonialismo racista, muito longe da arte, pela arte.
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